terça-feira, 29 de março de 2011

Invisibilidade social: crianças em situação de rua

Em busca de fazer parte de um modelo social e econômico do qual são excluídas, muitas crianças fazem da rua seu lar. Essa realidade dura e sofrida, na maioria das vezes, é a única saída encontrada.

Segundo pesquisa do censo da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República, várias são as causas e consequências que levam as crianças a viverem em situação de rua. De acordo com os dados, 70% dessa faixa etária que dorme na rua foi agredida dentro de casa e 30,4% são usuários de droga ou álcool. Além disso, 32,2% tiveram brigas verbais com os pais ou irmãos, 30,6% foram vítimas de violência física e 8,8% sofreram violência e abuso sexual.

A Pesquisa da SDH, com parceria do Instituto de Desenvolvimento Sustentável (Idest), também mostrou que das 23,9 mil crianças e adolescentes que foram entrevistados em 75 cidades do país, 71,8% são do sexo masculino, e desses, 45,13% têm idade entre 12 e 15 anos. A maioria desses jovens, 58,3%, dorme em casa com suas famílias e trabalham na rua, outra parcela de 23,2% dormem em locais de rua e 2,9% pernoitam, temporariamente em instituições de acolhimento.

De acordo com o levantamento, a maioria desses jovens estão em idade escolar, sendo que 79,1% não concluíram o primeiro grau e apenas 6,7% o terminaram. Destes, 4,1% começaram a cursar o segundo grau e somente 0,6% o concluíram. O mais espantoso é que 8,8% dessa faixa etária nunca estudou.

Esse índice alarmante é visto diariamente nos sinais das avenidas vendendo balas e chocolates, limpando os parabrisas dos carros ou mesmo pedindo dinheiro. Com isso, o ato de dar esmolas acaba prejudicando a vida dessas crianças, pois as incentiva a permanecerem na rua e abrirem mão da sua infância e educação.

Pensando nisso, o Conselho da Parangaba, juntamente com a Secretaria Executiva Regional (SER) V, promove a quarta etapa da campanha 'Não dê esmola à criança em situação de rua', que tem por objetivo sensibilizar a população de que a ideia de dar esmolas não significa ser solidário, pelo contrário, acaba por afastar as crianças da escola, acostumá-las a conseguir um dinheiro fácil, rompendo as diretrizes do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que reconhece a educação como direito fundamental.

Francisco Edson Landim, conselheiro da Parangaba e coordenador da campanha 'Não dê esmola à criança em situação de rua'

Nenhum comentário:

Postar um comentário