quinta-feira, 10 de março de 2011

A hora e a vez da polícia

Um ditado africano diz que não existe problema sem solução; que não há solução sem defeitos e que não há defeitos que não possam ser corrigidos. No dia em que os chefes do executivo federal e dos estaduais tomaram posse e discursaram, o mundo celebrava a confraternização universal.

Como policial e professor meu desejo faz coro aos milhões que torcem para que eles comecem bem. A meu ver, o tema da segurança forma, com a educação e a saúde, o tripé decisivo para o êxito e a sustentabilidade dos governantes.

Principiar bem nas políticas públicas será olhar para as forças de segurança. O fato de as questões de segurança pública serem tratadas como assunto de Estado, e não de governo, é um avanço relevante. Sabemos que já estão olhando. Agora é chegada a hora de escutar, de conhecer melhor, de investir mais, de acreditar e, o mais difícil de tudo – de saber que o modelo pode ser diferente. Urge que seja. Confraternização significa estar com os fraternos. Contudo, se o arrefecimento de valores fundamentais como o respeito à lei, à disciplina e à autoridade, guiar os jovens, teremos o indesejável – mais presídios em detrimento de escolas.

O calor das discussões sobre a segurança, por conta do filme Tropa de Elite 02 e pelos acontecimentos no Rio de Janeiro em 2010, não devem sair da agenda. Não poderemos negligenciar esse dever, como traz o artigo 144 da Constituição: “A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos”. São as forças de segurança que administram emergências, calamidades e insurgências de toda ordem, enfim, cabe a elas dar pronta resposta.

Para haver excelência na segurança, ou seja, prestar o melhor atendimento com o menor custo material e humano, deve-se investir na formação de quadros.

No caso de São Paulo, nossos procedimentos e ações internas levaram a consecução de matriz organizacional que busca menos mortes, menos lesões, menos sofrimentos, menos dor; para isso nos valemos de vigorosos treinamentos e de gestão por resultados.

Maior reflexão, melhor planejamento, melhor formação e melhores resultados estão ocorrendo pelas escolhas acertadas e pela replicabilidade das boas práticas policiais, que têm realimentado todo o sistema, entrando em um círculo virtuoso de resultados favoráveis, como comprovam as recentes estatísticas sobre homicídios.

Hoje, a grande ênfase passa a ser dada ao perfil do novo policial, que deve ter excelente relacionamento interpessoal e capacidade de mediação de conflitos. O ganho que se tem nas crises é a possibilidade de mudar de patamar. Se aprendermos a lição, poderemos lecionar; caso contrário, vamos lesionar.

Na prática, precisamos deixar claro para todos que eficiência policial e respeito aos direitos humanos são mais do que ações meramente compatíveis entre si: são mutuamente necessárias, indissociáveis. Sabemos que as ações de polícia, na ponta da linha, é que indicam o verdadeiro termômetro de nossa democracia.

Ronilson de Souza Luiz/Doutor em educação, é capitão da Polícia Militar de São Paulo, docente no Centro de Altos Estudos de Segurança
profronilson@gmail.com

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